sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Porque metade de mim...

Que a força do medo que tenho não me empeça de ver o anseio. Que a morte de tudo o que eu acredito não me tape os ouvidos e a boca. Porque metade de mim é o que eu grito, mas a outra metade é silêncio. Que a música que eu ouço ao longe seja linda, ainda que triste. Que a mulher que  eu amo seja sem amada, mesmo que distante. Porque metade de mim é partida e a outra metade é saudade. Que as palavras que eu falo não sejam ouvidas como prece nem repetidas com fervor, apenas respeitadas como a única coisa que resta a um homem inundado de sentimento. Porque metade de mim é o que eu ouço e a outra metade é o que eu calo. Que essa minha vontade de ir embora se transforme na calma e na paz que eu mereço. Que essa tensão que me corroe por dentro seja um dia recompensada. Porque metade de mim é o que penso e a outra metade é um vulcão. Que o medo e a solidão se afaste, que o convívio comigo mesmo se torne ao menos suportável. Que o espelho reflita em meu rosto o doce sorriso que eu me lembro de ter dado na infância. Porque metade de mim é a lembrança d que fui, e a outra que não sei...Que não seja preciso mais do que uma simples alegria para me fazer aquietar o espírito, e que o teu silêncio me fale cada vez mais. Porque metade mim é abrigo, mas a outra metade é cansaço. Que a arte nos aponte um resposta, mesmo que ela não saiba e que ninguém a tente complicar, porque é preciso simplicidade para fazê-la florescer. Porque metade mim é a platéia e a outra metade, a canção. E que minha loucura seja perdoada. Porque metade de mim é amor e a outra metade... também!

Um comentário:

  1. Mais sincero e verdadeiro que esse texto não há... porque metade de mim eu tenho plena consciência e segurança e outra sou uma criança perdida no parque com um sorvete na mão... Daria uma ótima letra de música, Lari!

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